Merecemos ser punidos?
Em todas as religiões o mal é
considerado algo que Deus permite que nos aconteça para nosso aprendizado. Seja
por meio do livre arbítrio e do carma ou do pecado original ou como teste ou
obstáculo para algo maior. Mas esta justiça divina pode prolongar o mal e levar
à perda de sentido da vida, sobre o qual e não é tornada responsável. O
sofrimento é primeiramente destrutivo, por isto fugimos dele. O aprendizado que
dele retiramos é subjetivo e variável e alguns simplesmente não o suportam e
seria cruel demandar deles uma força que eles não têm. Mas isto parece ser
visto com indiferença por quem acredita num mundo superior. Devemos ser fortes
e dignos de deus. Mas se esta força prolonga o sofrimento de outros ou nos
impede de ver que estamos fazendo outros erros futuros.
Em outras palavras não há erro de
julgamento do mundo espiritual. Acontece que a justiça neste mundo está longe de
ser um conceito universal e matéria de consenso. Em outras palavras , justiça é
conflito e o bem de uma pode ser o mal de outro. Além disso , neste mundo de
sofrimentos que adquirimos por nosso atos,
fica difícil saber onde está o lugar da misericórdia e em que ela
consiste.
Algumas matérias irresolvíveis.
Devemos permitir o divórcio ou
não ( tanto a permanência quanto o seu fim são matérias dificilmente consensuais)?
O aborto é crime espiritual ou
não ( é justo dar a luz a uma criança não desejada, deformada, sem esperança de
vida plena ou fruto de uma ato de violência)? Ser favorável ao aborto é anti-religioso
em princípio? Mas é justo submeter uma
criança desprotegida pelo desamor dos pais?
A riqueza é um mal ou bem? Para
muitos ela fruto necessário da exploração. Mas a riqueza é fruto também de outros fatores
, poupança trabalho duro ou sorte. Como ela gera desigualdade , não pode haver
acordo quanto aos seus méritos. E acabamos por reputar `justiça divina nossos
avatares terrenos.
Sabemos também que ela pode gerar frutos positivos,
criando a prosperidade generalizada ou mesmo a generosidade social, mais difícil
de ser efetiva onde só existe a pobreza. Mas ela gera também comodidades distribuídas
desigualmente poder e prestígio, o que a torna mais uma vez objeto de conflito.
Mesmo Jesus se mostra ambivalente entre a aceitação do publicano e a condenação
aos bens materiais. .
Bens materiais, no entanto, podem facilitar ascensão espiritual , como
mecenato artístico de fundo religioso ou não demonstram. Mas a injustiça e os
conflitos distributivos bens intangíveis como o amor entre casais, irmãos e
famílias.
Na verdade o ciúme reflete uma situação de destituição
de natureza psicológica, cujo o exemplo maior é o de Judas Iscariotes.
Por vezes condenamos pessoas por
estarem movidos por estes sentimentos de inveja e ciúme. Sem dúvida eles podem
causar danos terríveis, mas como libertar os que sofrem este tipo de carência de
modo a que eles deixem de sofrer e causar dano?
Como ajudar os pobres os
destituídos. Cestas básicas e visitinhas com algumas lágrimas trocadas são
suficientes. É isto realmente amor ou clamor nosso por perdão pelos nosso erros?
Ou auto-promoção? Que mecanismo sociais podem solucionar isto.
Quando nos livraremos do auto
ufanismo ( estou bem com Deus) ou da
auto condenação (Deus não me ama)? É assim tão fácil?
Justiça por mérito: mesmo problemas.
Até que ponto seu triunfo não é a desgraça de alguém. Até que ponto é legítimo
reputar a responsabilidade pessoal sobre atos cometidos neste mundo.
Nenhuma fórmula me parece convincente, nem
mesmo as seculares. Nosso caminho é turvo , não sabemos o que nos espera do outro
lado , nem deste , para falar a verdade. O auto contentamento pode ser uma bálsamo
poderoso, mas não conhecemos de forma cabal nosso coração e não sabemos quando
podemos cair na ilusão ou hipocrisia, igualmente danosos para os que no cercam.
Se nossa racionalidade é limitada
, nossa iluminações também o são. Com efeito a espiritualidade pressupõe um
descentramento que raramente conseguimos alcançar, o que nos coloca me terreno pantanoso
e clivado pela incerteza e o auto engano.
O único guia é termos consciência
sobre o que estamos fazendo de nossa vida e que sentido ela ganha, como Deus ou
sem Deus.
Razão e revelação são igualmente impotentes
para nos salvar. Que perdão seja então nossa mola mestra, pois não podemos alcançar
nunca o que nos propusemos.
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