Manual da perda de autoconfiança 3
Pois então meus caros se o
mendigo tem algo de essencial a nos dizer sobre vida e crises podemos resumir
nesta frase: quero viver . E vivendo superarei ou não, mas quero continuar esta
experiência
Não existe nenhum manual que garanta uma siada
para crises que possam acontecer na sua vida , pelo contrario , você pode cometer
enganos sérios no processo que podem torna-la pior.
Sua personalidade, seu contexto ,
as pessoas que o circundam , tudo isto pode afetar suas estratégias , para o
melhor ou para o pior.
No entanto, uma atitude básica é necessária para você continuar
o jogo : querer continuar vivendo como o
indivíduo que você é . Sem esta decisão , tudo pode acontecer , mas sem dúvida será
assimilado, inclusive por você , como ruim.
Meu boxer sofreu, nos seus
últimos anos , de câncer linfático. Conseguiu viver com a doença dois anos ,
contra todas as previsões. Ele foi um animal muito amado e isto sem dúvida contribuiu muito . mas
mesmo o amor, neste caso, não faz parte da premissa que lhe garantiu a sobrevida.
Foi o instinto de viver que fez este
pequenino “milagre”, que pode ser alimentado de maneiras bem diferentes
Muitos sobrevivem carregando
dentro de si sentimentos conflitantes e
mesmo raiva. O conde de Monte Cristo sobreviveu para realizar sua vingança. Foi
este sentimento pouco nobre que o fez continuar vivendo , por que ele queria
viver para isto.
Claro que queremos algo mais positivo
para nos motivar, mas não nos iludamos: em nossa economia interna , o ódio pode
ser tão motivador quanto o amor. O fundamental é o quanto nossa emoções
alimentam nossa vontade de continuar vivendo. Estes motivos podem ser os mais ilusórios
ou os mais ignóbeis . O importante é que
tenham força suficiente para nos fazer caminhar.
Eu posso quere espraiar o amor,
fazer a revolução, matar meus inimigos, enriquecer, ser famoso etc. Mas eu
quero, este o dado que não podemos perder de vista.
Sem o querer que nos dá sentido, ficaremos no
mesmo lugar e, eventualmente, definharemos.
Obviamente chegaremos á situação
limite em que nosso corpo pedirá que desistamos e que deixemos vir a
indesejadas das gentes. Meu boxer assim o fez quando sentou no meu colo e
expirou. Mas até lá o jogo continua e
precisamos querer continuar no jogo.
Digo isto porque não creio que
seja tão óbvio perceber este nó.. Crises profundas de qualquer natureza fazem-nos
justamente titubear em nossa vontade,
mesmo a de querer viver. Qualquer cura passa portanto por esta decisão primordial. O resto
são mecanismos que inventamos ou absorvemos de acordo com nossa conveniência ou
sentimentos. Não foi portanto a terapia o fator fundamental de sua cura . Esta foi
uma variável interveninente, que ajudou a viabilizar sua vontade. Isto fica mais claro quando lidamos com por
exemplo com drogados , casos típicos de vontade enfraquecida ou entorpecida.
De fato, uma grande parte da cura
destes indivíduos passa pela cura desta vontade e pela recuperação deste espaço
de decisão que foi perdido. Quando o indivíduo dependente decide se curar , um
grande passo já foi dado, talvez o principal.
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