O sabiá cantou hoje no meu quintal.
Canto dorido, terrestre,
Mahler retorcido pela secura e o sol do cerrado.
Canto Efatá de quem abre o peito da opressão.
Cantochão da mata, pedindo clemênca,
em repetida oração.
Na sua insistência,
O sabiá me enredou.
Foi como lembrar da antiga inconsciência das coisas:
da inconsciência do ouvir ,
do cantar ,
da inconsciência do próprio sabiá.
Hoje, o canto dele move mais ,
lembra mais,
purga mais.
.
Estou, no entanto,
todo menos.
Ah, a plenitude
da imbecilidade perdida.
O visceral se foi.
Olho meu menino,
tanto arrojo,
festa,
ebulição
e vontade.
É preciso que daqui saia uma benção.
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