sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O sabiá cantou hoje no meu quintal. 
Canto dorido, terrestre,
Mahler retorcido pela secura e o sol do cerrado.
Canto Efatá de quem abre o peito da opressão.
Cantochão da mata, pedindo clemênca, 
em repetida oração. 

Na sua insistência,
O sabiá me enredou.

Foi como lembrar da antiga inconsciência das coisas: 
da inconsciência do ouvir , 
do cantar , 
da inconsciência do próprio sabiá.

Hoje, o canto dele move mais , 
lembra mais, 
purga mais.
Estou, no entanto,
todo menos.
Ah, a plenitude
da imbecilidade perdida.
O visceral se foi.

Olho meu menino,
tanto arrojo, 
festa, 
ebulição
e vontade.

É preciso que daqui saia uma benção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário