segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Merecemos ser punidos?
Em todas as religiões o mal é considerado algo que Deus permite que nos aconteça para nosso aprendizado. Seja por meio do livre arbítrio e do carma ou do pecado original ou como teste ou obstáculo para algo maior. Mas esta justiça divina pode prolongar o mal e levar à perda de sentido da vida, sobre o qual e não é tornada responsável. O sofrimento é primeiramente destrutivo, por isto fugimos dele. O aprendizado que dele retiramos é subjetivo e variável e alguns simplesmente não o suportam e seria cruel demandar deles uma força que eles não têm. Mas isto parece ser visto com indiferença por quem acredita num mundo superior. Devemos ser fortes e dignos de deus. Mas se esta força prolonga o sofrimento de outros ou nos impede de ver que estamos fazendo outros erros futuros.
Em outras palavras não há erro de julgamento do mundo espiritual. Acontece que a justiça neste mundo está longe de ser um conceito universal e matéria de consenso. Em outras palavras , justiça é conflito e o bem de uma pode ser o mal de outro. Além disso , neste mundo de sofrimentos que adquirimos por nosso atos,  fica difícil saber onde está o lugar da misericórdia e em que ela consiste.  
Algumas matérias irresolvíveis.
Devemos permitir o divórcio ou não ( tanto a permanência quanto o seu fim são matérias dificilmente consensuais)?
O aborto é crime espiritual ou não ( é justo dar a luz a uma criança não desejada, deformada, sem esperança de vida plena ou fruto de uma ato de violência)? Ser favorável ao aborto é anti-religioso em princípio?  Mas é justo submeter uma criança desprotegida pelo desamor dos pais?
A riqueza é um mal ou bem? Para muitos ela fruto necessário da exploração.  Mas a riqueza é fruto também de outros fatores , poupança trabalho duro ou sorte. Como ela gera desigualdade , não pode haver acordo quanto aos seus méritos. E acabamos por reputar `justiça divina nossos avatares terrenos.
 Sabemos também que ela pode gerar frutos positivos, criando a prosperidade generalizada ou mesmo a generosidade social, mais difícil de ser efetiva onde só existe a pobreza. Mas ela gera também comodidades distribuídas desigualmente poder e prestígio, o que a torna mais uma vez objeto de conflito. Mesmo Jesus se mostra ambivalente entre a aceitação do publicano e a condenação aos bens materiais. .
Bens materiais, no entanto,  podem facilitar ascensão espiritual , como mecenato artístico de fundo religioso ou não demonstram. Mas a injustiça e os conflitos distributivos bens intangíveis como o amor entre casais, irmãos e famílias.
 Na verdade o ciúme reflete uma situação de destituição de natureza psicológica, cujo o exemplo maior é o de Judas Iscariotes.
Por vezes condenamos pessoas por estarem movidos por estes sentimentos de inveja e ciúme. Sem dúvida eles podem causar danos terríveis, mas como libertar os que sofrem este tipo de carência de modo a que eles deixem de sofrer e causar dano?
Como ajudar os pobres os destituídos. Cestas básicas e visitinhas com algumas lágrimas trocadas são suficientes. É isto realmente amor ou clamor nosso por perdão pelos nosso erros? Ou auto-promoção? Que mecanismo sociais podem solucionar isto.
Quando nos livraremos do auto ufanismo ( estou bem  com Deus) ou da auto condenação (Deus não me ama)? É assim tão fácil?
Justiça por mérito: mesmo problemas. Até que ponto seu triunfo não é a desgraça de alguém. Até que ponto é legítimo reputar a responsabilidade pessoal sobre atos cometidos neste mundo.
 Nenhuma fórmula me parece convincente, nem mesmo as seculares. Nosso caminho é turvo , não sabemos o que nos espera do outro lado , nem deste , para falar a verdade. O auto contentamento pode ser uma bálsamo poderoso, mas não conhecemos de forma cabal nosso coração e não sabemos quando podemos cair na ilusão ou hipocrisia, igualmente danosos para os que no cercam.
Se nossa racionalidade é limitada , nossa iluminações também o são. Com efeito a espiritualidade pressupõe um descentramento que raramente conseguimos alcançar, o que nos coloca me terreno pantanoso e clivado pela incerteza e o auto engano.
O único guia é termos consciência sobre o que estamos fazendo de nossa vida e que sentido ela ganha, como Deus ou sem Deus.
Razão e revelação são igualmente impotentes para nos salvar. Que perdão seja então nossa mola mestra, pois não podemos alcançar nunca o que nos propusemos.

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